terça-feira, 9 de novembro de 2010

Estudo da Década de 20

       Com a Primeira Guerra Mundial as mulheres não tinham muitas opções. As roupas laborais, os uniformes e os trajes de luto eram as poucas opções que existiam. Mesmo em trajes de luto eram elas que se exibiam tão magníficas como sempre. Porém quanto mais se prolongava a guerra e quanto mais vitimas existiam, mas as normas de vestuário começavam a se relaxar. Apenas poucas mulheres guardavam o luto durante o ano todo.
Enquanto os homens se encontravam na frente, as mulheres executavam muitos dos seus trabalhos. Cultivavam a terra, trabalhavam na construção civil, em fábricas de munições e outros. Acumulavam ainda serviços militares, muitas vezes na frente de batalha e não somente como enfermeiras.
O estilo militar, desprovido de flores, foi adotado na moda, os casacos compridos assemelhavam-se a uniformes, cobrindo completamente os vestidos. Este look se opunha ao estilo de saias mais curtas usadas antes da época. A roupa se tornou mais prática, a saia justa foi substituída por saias de pregas a três quartos. Na Inglaterra lançaram o vestido para todas as ocasiões que podia ser usado tanto em casa quanto na rua. Tinha um corte folgado e era feito de tecido barato e lavável, sem colchetes, apenas com fivelas.
Durante a guerra não se poupava em qualidade de tecido, mas sim em qualidade. Na intimidade ela vestia um desabelli sobre uma camisola que cobria um corpo disciplinado pelo espartilho e pelo corpete.
A crinolina de guerra surgiu em 1915 e consistia numa saia, cujo tamanho, não ultrapassava a barriga das pernas usadas sobre inúmeros saiotes, fazia lembrar a crinolina da passagem do século. Causou grande escárnio e desapareceram dois anos mais tarde.
A moda alemã renunciou as tendências parisienses, o que obrigou os costureiros de Berlim a fundar a Associação da Indústria de Moda Alemã, menos preocupada com Paris pelo título de capital internacional da moda. Com isso boicotaram a mercadoria parisiense em 1923, mas em 1924, os estilistas berlinenses voltaram a Paris em busca de inspiração.

O Pós-Guerra

As mulheres não estão dispostas a abdicar das liberdades que tinham alcançado no decurso do conflito. As normas morais e as que regiam a moda tinham se tornado mais flexível. O vestido mais curto agora deixava os tornozelos à mostra era preferido as calças que lembravam o trabalho árduo. A nobreza e a aristocracia tinham naufragado. Os norte-americanos com os bolsos cheios de dólares dominavam a cena parisiense, juntamente com as atrizes, os artistas e os escritores.
Em 1919 fundaram-se as três casas de moda: a de Chanel, na Rua Combom, a do irlandês Edward Molyneux, na Rua Royale, e de Jean Patou, que desde 1907, estava no mundo da moda.
As calças para as mulheres foram um marco da moda nesta década, embora tenham tentado se impor desde o início do século. Desde 1900 algumas corajosas já se atreviam a andar nos boulevards com fatos de calças. Durante a guerra as mulheres começaram a usá-la pela praticidade em realizar suas tarefas.
 Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das bandas de jazz e pelo charme das melindrosas: mulheres modernas da época, que freqüentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo de vestir, o espírito da também chamada “Era do Jazz”.
A sociedade dos anos 20, além da opera ou teatro, também freqüentavam os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e seus outros, como Rodolfo Valentino e Douglas Sairbantes. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Glória Swanson e Mary Pickford. A cantora e dançarina Josephine Baker também provocavam alvoroço em suas apresentações, sempre em trajes ousados.
 Livre dos espartilhos, a mulher, apesar da má aceitação no começo, passava a ter mais liberdade, e já se permitia mostrar as pernas, o colo e a usar maquiagem. A boca era carmim, pintada para parecer um arco cupido ou um coração, os olhos eram bem marcados, as sobrancelhas tiradas e delineadas à lápis, a pele era branca, o que acentuava os tons escuros da maquiagem.
A silhueta era tubular, as curvas que foram admiradas por tanto tempo, foram completamente abandonadas. Os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços e coxas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston – Dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons beges, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou mais restrito. O modelo mais popular era o “cloche”, enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtos, a “la garçonne”, como era chamado, que evidenciava as linhas da cabeça. Até as mulheres mais velhas se sentiram compelidas a aderir porque, com o chapéu cloche, que se tornara universal, era quase impossível ter cabelos compridos.
A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos. Em 1927 Jacques Doucet, figurinista francês, subiu as saias a ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres-um verdadeiro escândalo aos mais conservadores.
A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda década, Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso.
Outro nome importante foi Jean Patou, estilista francês que se destacou na linha “sportwear”, criando coleções inteiras para a estrela do tênis Suzanne Lenglen, que as usava dentro e fora das quadras. Suas roupas de banho também revolucionaram a moda praia. Patou também criava roupa para as atrizes famosas.
Os anos 20, em estilo art-déco, começou trazendo a arte construtivista preocupada com a funcionalidade, além de lançamentos literários inovadores, como “Ulisses”, de James Joyce. É o momentos de Scott Fitzgerald, o grande sucesso literário da época, com o seu “Contos da Era do Jazz”.
No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna, realizada por intelectuais, como Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, levou ao Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos, escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus trabalhos, os quais foram recebidos ao mesmo tempo, debaixo de palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30.
Em 1925, pela primeira vez, os surrealistas mostraram seus trabalhos em Paris. Entre os artistas estavam Joan Miro e Pablo Picasso.
Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima de prosperidades sem precedentes, constituindo um dos pilares do chamado “american way of life” (estilo de vida americano).
Toda euforia dos “felizes anos 20” ou “loucos anos 20”, acabou no dia 20 de outubro de 1929, quando a bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda a economia dos EUA, e, consequentemente, o resto do mundo. Os anos seguintes ficaram conhecidos como a Grande Depressão, marcados por falências, desemprego e desespero.

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